domingo, 1 de julho de 2012

Eu poético: Úmido relato



Não se assuste, é que hoje estou assim,
o sangue rasgando por dentro 
num desespero lento, 
lembrando quanto era lascivo o amor,
um carnívoro amor ...


Mas não,
o amor nunca foi assim de verdade,
era só pluma suave, 
a sensualidade de seu dedo 
escorrendo entre meus lábios,
flor implorando sêmen, jardim;
e em meus seios claros, 
como nossas conversas, 
o calor de estrelas como morada. 

Em delicada partida, sangrei,
navios vazios,
e teus cabelos se rebelaram em suave medo,
mítico esquecimento....
No peito um certo úmido relato, e em
brincantes línguas de hálito cuidado
Um senão...

Corri, tropecei, vasculhei jornais
de tardias notícias
remexi no servil destino
só pra saber que já passara o dia,
e as flores recolhidas só cantam que 
o sol só devora onde não há sombra...

E nós?
Não se assuste,
só mais do mesmo...




Patrícia Di Carlo

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