Não se assuste, é que hoje estou assim,
o sangue rasgando por dentro
num desespero lento,
lembrando quanto era lascivo o amor,
um carnívoro amor ...
Mas não,
o amor nunca foi assim de verdade,
era só pluma suave,
a sensualidade de seu dedo
escorrendo entre meus lábios,
flor implorando sêmen, jardim;
e em meus seios claros,
como nossas conversas,
o calor de estrelas como morada.
Em delicada partida, sangrei,
navios vazios,
e teus cabelos se rebelaram em suave medo,
mítico esquecimento....
No peito um certo úmido relato, e em
brincantes línguas de hálito cuidado
Um senão...
Corri, tropecei, vasculhei jornais
de tardias notícias
remexi no servil destino
só pra saber que já passara o dia,
e as flores recolhidas só cantam que
o sol só devora onde não há sombra...
E nós?
Não se assuste,
só mais do mesmo...
Patrícia Di Carlo
Nenhum comentário:
Postar um comentário