segunda-feira, 25 de junho de 2012

Resenha: Ensaios de Amor - Alan de Botton



“O amor pode nascer à primeira vista, mas não morre com a mesma rapidez.”

“Muitos amantes matam a sua própria história de amor só porque não conseguem suportar a incerteza ou o puro risco contidos na sua experiência de felicidade.”

“Sobre todas as histórias de amor paira a dúvida, tão horrível quanto inevitável, sobre como ela irá terminar.”“Poucas coisas são tão contrárias ao sexo como o pensamento. O sexo é instintivo, irrefletido e espontâneo, ao passo que o pensamento é cauteloso, desinteressado e racional. Para mim, pensar durante o sexo é transgredir uma lei fundamental do ato em si.”

“É mais fácil aceitar a felicidade quando ela é provocada por coisas que podemos controlar, que obtemos depois de muito esforço e raciocínio.”

“O problema da felicidade é que, por ser rara, torna-se extremamente assustadora e provoca enorme ansiedade.”

“Um dos maiores inconvenientes do amor é que nos faz, pelo menos durante algum tempo, correr o risco de sermos realmente felizes.”

Essas são algumas citações do livro Ensaios de Amor, do suíço/inglês Alain de Botton que foi lançado no Brasil pela Editora Rocco em 1997.
Lembro de ter lido sobre ele a primeira vez num exemplar da revista Bravo, e de sempre o procurar na única livraria da cidade, mas nunca o encontrava, fiz pedido, mas não tive mesmo sorte. Até que meio que me esqueci desse livro, até a semana passada, que depois de uma incursão pela Saraiva, achei o dito na nova versão, uma parceria da Rocco com a LePM, em pocket! A minha ideia original era deixar pra lê-lo mês que vem, durante a minha viagem de férias. Mas não resisti e o devorei rapidinho dentro do busão nas idas e vindas para o trabalho.

Em um avião percorrendo o trecho Paris-Londres, um homem e uma mulher sentam lado a lado. Um puxa conversa, o outro corresponde. E, junto à esteira de bagagens, ele já tem certeza de que está apaixonado por Chloe. Este enredo todo mundo conhece,mais batido que bife de segunda,  mas o que faz de Ensaios de amor um livro único é a profundidade com que o autor analisa cada uma das emoções envolvidas num relacionamento, fazendo uso tanto da narrativa quanto do ensaio. Alain de Botton, ao lançar seu olhar de filósofo sobre os meandros do amor, produz um livro que é um convite à reflexão sobre os sentimentos muito delicados e até mesmo nebuloso, sobre os quais muitas vezes se prefere calar, como aquilo que não é dito no primeiro encontro, ou a hesitação em dizer Eu te amo.

O livro é uma harmoniosa combinação de erudição, ironia, inteligência, sensibilidade, humor e simplicidade. A forma como foi feito o texto surpreende, organizada em capítulos subdivididos em tópicos numerados, no estilo dos textos de filosofia analítica.  O número de referências culturais citadas para caracterizar situações é enorme e pode chegar ao ponto de assustar: Aristóteles, La Rochefoucauld, Heidegger, taoísmo chinês, Camus, Wittgenstein ou Groucho Marx. Ademais, De Botton utiliza mecanismos de lógica formal, equações matemáticas ou análise combinatória para demonstrar seus teoremas. Mas não há o que temer, porque tudo isso é usado justamente para realçar a imponderabilidade dos fluxos afetivos e só acentua o tom irônico que atravessa o livro. 

 Ensaios de amor é um livro que fala a todos. Tanto aqueles que estão se apaixonando quanto os apaixonados e até mesmo aqueles que estão saindo de um relacionamento vão se identificar com esse casal que, como a grande maioria, está tentando descobrir no que reside amar e ser amado.

Um comentário:

  1. Nossa, primeiro estava lendo as citações e adorando cada uma delas, mas depois que vi que todas fazem parte de um livro só, fiquei impressionada e louca pelo livro, sério! Vou procurar essa versão de bolso que você falou, parece ser ótimo!
    A forma que eles se conhecem é batida, mas ainda assim interessante, e sinto principalmente que o desenvolvimento é o grande diferencial.
    Obrigada pela dica!
    Beijão!

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